Saturday 3 January 2009

Perdoe-se-me a confissão, mas é com alguma dificuldade que escrevo a primeira entrada neste blog. Não por desgostar de escrever; não por não saber sobre o que falar - na realidade, se recuasse um ano e picos até ao curso de comunicação e redigisse este texto segundo as seis premissas jornalísticas ("quem", "o quê", "onde", "como", "quando" e "porquê"), constataria que "o quê" é o tema mais fácil de abordar. É o tema da "acção", do "fazer". E sendo um blog escrito por voluntários, este é um tema fértil, que surgirá amiúde. Por isso, não, a dificuldade não está no o conteúdo. Está na forma. Está em começar, em concretizar, ou se preferirem, está no "como".

O meu nome é Raquel, tenho 24 anos e sou voluntária na Helpo. Aqui, a experiência do voluntariado divide-se em duas fases: a primeira, à partida mais curta, consiste numa "formação" na sede e a "experiência real" no terreno. Escrevo "à partida" porque, por razões que a razão conhece bem, a minha experiência na sede vai durar qualquer coisa como 12 meses - mais seis do que o que está em media previsto. Não estava, lá está, preparada para começar. "Como" é que se começa esta coisa do voluntariado? A resposta surge mais cedo para umas pessoas que para outras. Para a Sara, por exemplo, surgiu antes.

A Sara é a voluntária que começou comigo o período de experiência, em Janeiro de 2008. Partiu em Julho e já voltou. Eu vou em Janeiro de 2009. Está quase a terminar, esta primeira fase, mas não se preocupem, não vos vou maçar com o tradicional balanço de fim de ano. Digo apenas que, se se aprende experimentado e tentando teimosamente superar desafios, o meu processo de voluntariado é uma daquelas cápsulas de conhecimento a que se recorre frequentemente e, espero, para sempre.

Muitos testemunhos virão, cada "quem" com os seus "porquês". Através desde blog espero, juntamente com os meus colegas, transmitir concretamente, sem romantismos nem clichés, o que é o voluntariado. ajudar a decidir quem quer fazer isto (mas não sabe bem o que "isto" é) e ao mesmo tempo esclarecer dúvidas que possam existir: "O quê?", "como", "porquê?" Para mim a resposta é: para poder colaborar, aquém e além fronteiras. Para se poder brincar. Para haver água para beber, escola para aprender e muito, muito, muito mais do que isto. É do interesse e da responsabilidade de todos ajudar a fundar os alicerces que tornam isso possível. Há muitas formas de o fazer. Eu, quase a esticar o cordão umbilical a 8 mil quilómetros de distância, escolhi esta.